sexta-feira, 6 de junho de 2008

Testemunhos do 25 de Abril de 1974

http://www.youtube.com/watch?v=PBK7bd3UYow

Os alunos de 4º ano foram desafiados a realizar uma entrevista a um familiar que tivesse assistido à Revolução de Abril (cf. Amiguinhos - 4º ano de Alberta Rocha, Carla do Lago, Manuel Linhares, Texto Editores, p. 53). Além do nome e da idade, deveriam procurar saber: onde vivia; como soube a notícia; o que fez nesse dia; o que ouvia na rua, na rádio, na televisão; como reagiu. Também deviam procurar satisfazer a curiosidade pessoal perguntando tudo aquilo que gostariam de saber sobre esse acontecimento.

A seguir apresentam-se os melhores trabalhos. Boa leitura!

Resolvi entrevistar a minha mãe sobre o 25 de Abril de 1974. Nesse dia, ela estava em Angola que era, na altura, uma colónia portuguesa africana.
Vanessa: Que idade tinhas quando se deu o 25 de Abril de 1974?
P.: Tinha quase 8 anos.

V.: Onde vivias nessa altura?

P.: Nessa altura vivia com os meus pais em Angola, onde tinha nascido. Angola, nessa altura, era uma colónia portuguesa e era considerada como território nacional.

V.: Como é que soubeste da notícia sobre o 25 de Abril?
P.: Como deves compreender eu era muito novinha nessa época, mas lembro-me de ouvir os meus pais e os meus avós falarem que se estava a passar alguma coisa em Portugal. Lembro-me que os adultos estavam agarrados ao rádio a ouvirem as notícias sobre a Revolução que tinha acabado com a ditadura e que tinha tornado o povo livre. Todos pareciam contentes e esperançados de que a vida seria melhor daí para a frente.

V.: E a televisão? Que imagens te marcaram mais?
P.: Nessa época, em Angola, não havia televisão. As notícias chegavam pela rádio e pelos jornais. Lembro-me, contudo, de ter visto num jornal a imagem dum menino a pôr um cravo na espingarda dum soldado ou qualquer coisa parecida com isso.

V.: Este dia teve consequências na tua vida?
P.: Teve muitas consequências positivas para toda a gente, mas também trouxe alguns problemas para os portugueses que viviam nas colónias portuguesas (Angola, Moçambique, etc.).

V.: Porquê?
P.: Depois do 25 de Abril de 1974, Portugal deu a independência às colónias e a partir dessa altura Angola deixou de pertencer a Potugal, o que obrigou os Portugueses que lá viviam há muitos anos a regressarem a Portugal e a recomeçarem novamente a sua vida. Para alguns foi fácil, mas para outros foi muito difícil porque vieram para Portugal só com a roupa que tinham vestida e passaram muitas dificuldades quando chegaram a Portugal. Em termos gerais, penso que foi muito positivo o que aconteceu no 25 de Abril.

Vanessa

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O 25 de Abril de 1974 - contado por alguém que se lembra desse dia
Entrevista à minha avó paterna

Nome: Amélia Amor
Idade actual: 61 anos
Idade em 25 de Abril de 1974: 28 anos


Catatéu: Como soube da notícia?
A.A.: Pela rádio que a informação era que havia uma Revolução e pela televisão onde mostraram Marcelo Caetano (Presidente do Conselho) ser preso pelos militares.

C.: Onde vivia?
A.A.: Vivia em Castelo Branco.

C.: O que fez nesse dia?
A.A.: Esse dia foi um dia normal como os outros. Tudo estava calmo na cidade. Apenas em Lisboa havia muitas pessoas na rua.

C.: Porque é que o Presidente do Concelho foi preso?
A.A.: Porque havia uma ditadura em Portugal e muitas pessoas queriam uma democracia.

Catatéu
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ENTREVISTA QUE FIZ A ISABEL FIGUEIRA, A MINHA AVÓ
25 de Abril de 1974: A minha avó tinha 26 anos em 1974 e vivia no centro da cidade de Lisboa. Resolvi pois entrevistá-la sobre como ela viveu esse dia histórico.


Magalhães: Onde estavas a 25 de Abril de 1974?
I.F.: Estava em casa, em Lisboa.

M.: Em que dia da semana foi 25 de Abril de 1974?
I.F.: Foi uma quinta-feira.

M.: Que tempo estava?
I.F.: Estava sol e a temperatura era amena.

M.: Que idade tinha o meu pai?
I.F.: Ele tinha três anos.

M.: Achavas que tudo aquilo iria acontecer?
I.F.: Não podia imaginar como é que iria acontecer, mas não me espantei porque nessa época havia muita contestação ao Governo. Sabia-se que os militares estavam insatisfeitos com a guerra em África e já tinha havido uma tentativa de golpe de estado que falhara.

M.: Foste à rua?

I.F.: Só à rua onde morava. Estava toda a gente muito excitada e os vizinhos juntavam-se para comentar o que se estava a acontecer, embora inicialmente não se soubesse exatamente o que era.

M.: Tiveste medo? Estavas contente?
I.F.: Não. Os acontecimentos estavam a dar-se um pouco longe dali e não havia razão para não nos sentirmos seguros em casa.

M.: Achavas que a televisão dizia a verdade?
I.F.: Sim.
M.: Quem, na família, estava mais contente?
I.F.: Estávamos todos muito contentes e emocionados, mas o mais emocionado era o teu bisavô, porque de madrugada (ele ía muito cedo abastecer-se de hortaliças e frutas para a loja) tinha assistido à movimentação das tropas na Praça do Comércio.

M.: Qual foi a reacção do meu pai?
I.F.: O teu pai era demasiado pequeno para entender o que se estava a passar.

M.: Viste cravos vermelhos?
I.F.: Nesse dia não. Mas, nos dias seguintes, Lisboa inundou-se de cravos vermelhos.

Magalhães
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Entrevista ao meu Avô.
M.G.: Avô, gostaria que me contasse a história da Revolução de Abril porque
conheço muito pouco. Onde é que estava nesse dia de Abril ?
A.: Estava na minha casa, no Barreiro, perto de Lisboa, e segui esse acontecimento ouvindo a rádio.

M.G.: Como é que se vivia nessa época?
A.: Havia muita pobreza, o povo era triste. Já tinham passado 48 anos de ditatura. A Pide, a polícia política, oprimia o povo com a ajuda das forças armadas.

M.G.: A vida então era dificil….
A.: Mas na manhã do 25 de Abril de 1974, em Lisboa, as pessoas saíram de casa, todos
traziam um cravo vermelho.
M.G.: E porquê?
A.: Foi o nosso sinal de Liberdade e os Maus saíram da cidade. Foi então que começou a construção do nosso país e da nossa República.

M.G.: Foi um verdadeiro momento histórico!
A.: Uma grande alegria!
M.G.
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