Os alunos do 4º ano (2012-2013) leram Um Chá não toma um Xá... e prepararam algumas perguntas que enviaram por email ao escritor. Sérgio Guimarães de Sousa rapidamente lhes deu resposta. Aqui fica a entrevista realizada à distância pelos jovens leitores-entrevistadores desta turma:
1) Por
que é que inventou uma história com tantas palavras homófonas? De onde lhe veio
a ideia?
SGS→ Para ajudar as crianças a
distinguirem palavras muito parecidas, mas que não se escrevem forçosamente da
mesma maneira. A ideia veio-me ao folhear um dicionário e ao constatar o número
assinalável de palavras muito próximas, tão assinalável que seria porventura
possível escrever uma história a partir dessas palavras.
2) Por
que é que escolheu um botão de punho para ser o objeto perdido do Xá Bahabur?
SGS→ Tinha de ser um objeto pequeno e algo
valioso; e um objeto com o desenho de uma caravela.
3) Por
que é que Bahabur come muito e é barrigudo?
SGS→ Porque assim é bem mais engraçado, creio. Tal como o Pai Natal também é
barrigudo.
4) Por
que é que escreveu esta história?
SGS→ Sou
pai de uma menina que na altura estava a começar a aprender a ler e a escrever;
e ao ajudá-la nos trabalhos de casa, reparei que por vezes (o que é normal)
cometia erros ortográficos. Para que ela memorizasse as palavras sobre as quais
errava, por forma a não voltar a escrever incorretamente, lembrei-me de
inventar frases um tanto divertidas onde colocava essas palavras. Assim, se ela
não se lembrasse de como é que se escrevia uma palavra, recordava-se da frase
e, com isso, da ortografia correta. Depois houve a necessidade de fazer uma
história com tudo isso.
5) Por
que é que Bahabur falou com dois esquilos em vez de falar com duas pessoas?
SGS→ Porque é bem mais simpático. Nós adultos
temos a tendência por vezes a considerar que só os humanos é que falam; puro
engano. Os animais também falam. A linguagem deles, é certo; mas numa história
como a que contei não é proibido fazer apelo a alguma fantasia, pondo os
animais a falar com os adultos.
6) Por
que é que escolheu como protagonista da sua história um Xá?
SGS→ Porque me permitiu, desde logo, jogar com a
palavra Chá. Mas também porque imaginei logo uma personagem com uma
indumentária oriental e com um palácio enorme, um palácio das mil e uma noites.
7) Como é
que escolheu o título para o seu livro?
SGS→ Veio
mais ou menos de repente. Pensei em Xá (queria que no título figurasse o
protagonista principal da história) e essa palavra “Xá” acabou, do ponto de
vista sonoro, por chamar a outra, a palavra “chá”.
8) Por
que é que a sua história se passa no Oriente?
SGS→ Porque é um imaginário rico; por causa das “Mil e Uma Noites”, que
sempre me encantaram.
9) Por
que é que a cozinheira Isolda é resmungona?
SGS→ Porque assim não se sujeita aos caprichos do Xá. Se assim não fosse, é
de crer que o Xá passaria a vida a fazer disparates. A Isolda acaba, portanto,
por exercer alguma autoridade sobre o Xá.
10) Por
que é que o Xá Bahabur usa um turbante na cabeça?
SGS→ Porque todo o Xá que se preza usa um.
11) Por
que é que como escritor decidiu pôr o Malaquias a cantar mal?
SGS→ Porque, em boa verdade, o Malaquias (que
deve ter outras qualidades) canta sofrivelmente. Canta mesmo mal. E só cantou
(ou tentou cantar) porque o Xá assim o exigiu.
12) Por
que é que nesta história não aparece a família de Bahabur?
SGS→ Talvez noutro livro, se houver sequela.
13) Bahabur
tem filhos?
SGS→ Não creio, mas, em bom
rigor, não sei.
14) Que
idade tem Bahabur?
SGS→ É difícil saber. Não
é uma criança, mas também não é propriamente um adulto. Só perguntando ao
próprio é que poderemos saber com exatidão.
15) Por
que é que o Xeque ofereceu um botão de punho ao Xá?
SGS→ Porque são amigos; e porque o botão de punho simboliza o gosto que
ambos nutrem pelas viagens.
16) Por
que é que Bahabur é rico?
SGS→ Trata-se de um
Xá, isto é, de alguém muito importante. Daí a riqueza.
17) Não
lhe parece que a cozinheira Isolda é insolente com o seu patrão, o Xá Bahabur?
SGS→ Não diria insolente, diria antes
autoritária. Em todo o caso, se assim não fosse, é provável que o Xá, mimado
como é, a não deixasse em paz.
18) Por
que é que o título do livro não faz parte da história do livro?
SGS→ Assim, é mais uma informação suplementar
que o leitor fica a ter.
19) Como é
que se organizou para escrever o livro? Fez primeiro uma lista com as palavras
homófonas ou estas foram surgindo à medida que ia inventando a história?
Fiz primeiro uma lista de muitas palavras
homófonas, depois deixei vaguear a imaginação por cada uma, até ter a certeza
das que ficariam na minha história. Foi assim.
20) Quanto
tempo levou a escrever esta história?
SGS→ Foi
rápido, talvez uns quinze dias ou pouco mais (escrevia meia hora por dia, não
mais).
21) Conhece
a ilustradora do livro, a Ângela Vieira?
SGS→ Sim,
conheço. É uma jovem arquiteta, que desenha muito bem, como dá para ver nas
ilustrações.
22) Gosta
das ilustrações da Ângela Vieira?
SGS→ Muito.
23) Quem é
que escolheu a ilustradora? Foi o Sérgio ou a editora Opera Omnia?
SGS→ Foi a editora.
PS: na aula de 13-11-2012 os alunos procuraram ler expressivamente o conto de Sérgio Sousa. Para ouvir essa leitura basta clicar aqui.
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