quinta-feira, 25 de outubro de 2012

UM CHÁ NÃO TOMA UM XÁ... de Sérgio Guimarães de Sousa

Os alunos do 4º ano (2012-2013) leram Um Chá não toma um Xá... e prepararam algumas perguntas que enviaram por email ao escritor. Sérgio Guimarães de Sousa rapidamente lhes deu resposta. Aqui fica a entrevista realizada à distância pelos jovens leitores-entrevistadores desta turma:

1) Por que é que inventou uma história com tantas palavras homófonas? De onde lhe veio a ideia?
SGS→ Para ajudar as crianças a distinguirem palavras muito parecidas, mas que não se escrevem forçosamente da mesma maneira. A ideia veio-me ao folhear um dicionário e ao constatar o número assinalável de palavras muito próximas, tão assinalável que seria porventura possível escrever uma história a partir dessas palavras.


2) Por que é que escolheu um botão de punho para ser o objeto perdido do Xá Bahabur?

SGS→ Tinha de ser um objeto pequeno e algo valioso; e um objeto com o desenho de uma caravela.


3) Por que é que Bahabur come muito e é barrigudo?

SGS→ Porque assim é bem mais engraçado, creio. Tal como o Pai Natal também é barrigudo.


4) Por que é que escreveu esta história?

SGS→ Sou pai de uma menina que na altura estava a começar a aprender a ler e a escrever; e ao ajudá-la nos trabalhos de casa, reparei que por vezes (o que é normal) cometia erros ortográficos. Para que ela memorizasse as palavras sobre as quais errava, por forma a não voltar a escrever incorretamente, lembrei-me de inventar frases um tanto divertidas onde colocava essas palavras. Assim, se ela não se lembrasse de como é que se escrevia uma palavra, recordava-se da frase e, com isso, da ortografia correta. Depois houve a necessidade de fazer uma história com tudo isso.


5) Por que é que Bahabur falou com dois esquilos em vez de falar com duas pessoas?

SGS→ Porque é bem mais simpático. Nós adultos temos a tendência por vezes a considerar que só os humanos é que falam; puro engano. Os animais também falam. A linguagem deles, é certo; mas numa história como a que contei não é proibido fazer apelo a alguma fantasia, pondo os animais a falar com os adultos.


6) Por que é que escolheu como protagonista da sua história um Xá?

SGS→ Porque me permitiu, desde logo, jogar com a palavra Chá. Mas também porque imaginei logo uma personagem com uma indumentária oriental e com um palácio enorme, um palácio das mil e uma noites.


7) Como é que escolheu o título para o seu livro?

SGS→ Veio mais ou menos de repente. Pensei em Xá (queria que no título figurasse o protagonista principal da história) e essa palavra “Xá” acabou, do ponto de vista sonoro, por chamar a outra, a palavra “chá”.


8) Por que é que a sua história se passa no Oriente?

SGS→ Porque é um imaginário rico; por causa das “Mil e Uma Noites”, que sempre me encantaram.


9) Por que é que a cozinheira Isolda é resmungona?

SGS→ Porque assim não se sujeita aos caprichos do Xá. Se assim não fosse, é de crer que o Xá passaria a vida a fazer disparates. A Isolda acaba, portanto, por exercer alguma autoridade sobre o Xá.


10) Por que é que o Xá Bahabur usa um turbante na cabeça?

SGS→ Porque todo o Xá que se preza usa um.


11) Por que é que como escritor decidiu pôr o Malaquias a cantar mal?

SGS→ Porque, em boa verdade, o Malaquias (que deve ter outras qualidades) canta sofrivelmente. Canta mesmo mal. E só cantou (ou tentou cantar) porque o Xá assim o exigiu. 


12) Por que é que nesta história não aparece a família de Bahabur?

SGS→ Talvez noutro livro, se houver sequela.


13) Bahabur tem filhos?

SGS→ Não creio, mas, em bom rigor, não sei.


14) Que idade tem Bahabur?

SGS→ É difícil saber. Não é uma criança, mas também não é propriamente um adulto. Só perguntando ao próprio é que poderemos saber com exatidão.

15) Por que é que o Xeque ofereceu um botão de punho ao Xá?
SGS→ Porque são amigos; e porque o botão de punho simboliza o gosto que ambos nutrem pelas viagens.


16) Por que é que Bahabur é rico?

SGS→ Trata-se de um Xá, isto é, de alguém muito importante. Daí a riqueza.


17) Não lhe parece que a cozinheira Isolda é insolente com o seu patrão, o Xá Bahabur?

SGS→ Não diria insolente, diria antes autoritária. Em todo o caso, se assim não fosse, é provável que o Xá, mimado como é, a não deixasse em paz.


18) Por que é que o título do livro não faz parte da história do livro?

SGS→ Assim, é mais uma informação suplementar que o leitor fica a ter.


19) Como é que se organizou para escrever o livro? Fez primeiro uma lista com as palavras homófonas ou estas foram surgindo à medida que ia inventando a história?

Fiz primeiro uma lista de muitas palavras homófonas, depois deixei vaguear a imaginação por cada uma, até ter a certeza das que ficariam na minha história. Foi assim.


20) Quanto tempo levou a escrever esta história?

SGS→ Foi rápido, talvez uns quinze dias ou pouco mais (escrevia meia hora por dia, não mais).


21) Conhece a ilustradora do livro, a Ângela Vieira?

SGS→ Sim, conheço. É uma jovem arquiteta, que desenha muito bem, como dá para ver nas ilustrações.


22) Gosta das ilustrações da Ângela Vieira?

SGS→ Muito.


23) Quem é que escolheu a ilustradora? Foi o Sérgio ou a editora Opera Omnia?

SGS→ Foi a editora.


PS: na aula de 13-11-2012 os alunos procuraram ler expressivamente o conto de Sérgio Sousa. Para ouvir essa leitura basta clicar aqui.

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