sexta-feira, 1 de março de 2013

Uma história ilustrada para o Correntes d'Escritas 2013

Os alunos de 4º ano inventaram uma história



Ser feliz em tempos difíceis

       Os dois gémeos, Lucas e Sofia, moravam em Coimbra. Tinham nove anos e viviam com os avós desde que os pais se tinham divorciado. O pai vivia em Lisboa e a mãe vivia no Porto. A mãe trabalhava na caixa de um supermercado mas o pai tinha acabado de perder o emprego. Lucas e Sofia viviam tristes, porque os pais estavam divorciados e não havia muito dinheiro em casa. Faltava apenas uma semana para o Natal...

Foi num domingo que o pai chegou a Coimbra. Trazia poucas malas e a tristeza nos olhos, mas quando viu os filhos ficou... RADIANTE! Eram a melhor coisa do mundo! O pai tinha acabado de perder o emprego e vivia dias difíceis – trabalhava há nove anos numa fábrica de automóveis que estava a reduzir a produção e despedia nesse momento muita gente. Por esse motivo, o pai ia voltar a viver com os filhos em casa dos seus próprios pais enquanto procurava novo trabalho.
     Assim que viram o pai entrar em casa, Lucas e Sofia correram a abraçá-lo. A Sofia foi a primeira a falar:
     - Como é que correu a viagem?
     - Sofia, a viagem pareceu-me muito rápida porque vinha a pensar em vocês e no que vamos fazer para o Natal.
     Nesse momento o Lucas interveio:
     - Pai, a mãe vai vir passar o Natal connosco?
     - Sim, já conversei com ela e combinei tudo. A mãe vem no dia 23 e fica aqui connosco até dia 26.
     - Eu adoro-te, pai! Boa ideia! Sofia, anda, vamos preparar uma surpresa para a mãe. Temos de arrumar os quartos, preparar o pinheiro, decorar a casa inteira e fazer os nossos presentes.

     O dia 23 chegou depressa...

     A mãe chegou de tarde, pelas quatro horas, mesmo a tempo de lanchar. Lucas e Sofia tinham feito rabanadas com a avó e preparado chocolate quentinho. A mãe adorou. Enquanto isso o pai estava na sala a ler o jornal e a procurar emprego na página dos classificados. Um pequeno texto chamou a sua atenção:

Pastelaria procura pasteleiro para trabalhar na véspera de Natal das 5h30 às 16h. 60€. Telef. 239-904907

O pai levantou-se do sofá e pegou no telefone. A chamada durou dois minutos e logo a seguir o pai apareceu na cozinha:
     - Encontrei emprego para amanhã!
     - Mas, pai, amanhã é véspera de Natal! – reclamaram os gémeos em coro.
     - Pode ser véspera de Natal, mas assim eu posso...
     - Tu podes quê?
     - Posso comprar comida...
     Ao ouvir isto, a avó interveio:
     - Mas nós já temos comida, não precisas de ir comprar.
     - Mudemos de assunto: quem quer ir passear pela beira do rio Mondego?
 E assim terminou o dia da chegada da mãe, em beleza, com aquele passeio junto ao rio.

     O despertador tocou às quatro da manhã e o pai chegou a horas à pastelaria. Durante onze horas trabalhou duro para ganhar 60€: fez filhoses, sonhos, rabanadas, troncos de Natal, arroz doce, bolo rei, azevias... Saiu às quatro e meia. E às cinco já andava no centro comercial onde rapidamente gastou o que tinha ganho. As lojas estavam cheias de gente, mas as pessoas compravam pouco, sentia-se alguma tristeza naquele ano, as pessoas não tinham dinheiro para gastar. Mas ele estava feliz porque tinha conseguido aquele emprego na pastelaria e assim pudera comprar as prendas de Natal. Mesmo se as prendas não eram o mais importante, estava contente porque os sapatinhos não iam ficar vazios. Sabia bem que mais importante do que tudo era poder passar a noite da consoada com os filhos e os pais. Os miúdos estavam felizes porque a mãe também podia estar com eles, e isso é que contava.
     Quando o pai chegou a casa, o jantar já estava pronto: chegou-lhe um cheiro agradável a massa com salsichas:
    - Cheira bem! Quero já jantar. Quem é que esteve na cozinha?
     - A mãe pôs a mesa, nós preparámos a comida e o avô instalou o presépio. – esclareceu o Lucas.
     O jantar correu bem, apesar da simplicidade da refeição. O pai e o avô contaram muitas histórias, todos riram e saíram da mesa com a alegria no coração. Foram todos à Missa do Galo porque a avó insistiu e ninguém a quis contrariar. Era já uma da manhã quando regressaram a casa. Os gémeos não colocaram o sapatinho junto do presépio, pois já sabiam que não havia dinheiro para prendas, deram um beijinho de boa noite aos pais e aos avós e deitaram-se.

    No dia seguinte descobriram todos com surpresa, junto ao pinheiro, uma corda de saltar, uns brincos, uma caixa de legos, uma camisa, lã e agulhas de tricô. Os 60 euros do pai tinham sido bem esticados!

Afinal era possível ter um Natal feliz em épocas difíceis e sem muito dinheiro!


A equipa
 


e ilustraram-na:


Um comentário:

Anônimo disse...

lindo trabalho! Parabens!