Os alunos de 4º ano inventaram uma história
e ilustraram-na:
Ser feliz em tempos
difíceis
Os dois gémeos, Lucas e Sofia, moravam em Coimbra. Tinham nove anos e
viviam com os avós desde que os pais se tinham divorciado. O pai vivia em
Lisboa e a mãe vivia no Porto. A mãe trabalhava na caixa de um supermercado mas
o pai tinha acabado de perder o emprego. Lucas e Sofia viviam tristes, porque
os pais estavam divorciados e não havia muito dinheiro em casa. Faltava apenas
uma semana para o Natal...
Foi num domingo que o
pai chegou a Coimbra. Trazia poucas malas e a tristeza nos olhos, mas quando
viu os filhos ficou... RADIANTE! Eram a melhor coisa do mundo! O pai tinha
acabado de perder o emprego e vivia dias difíceis – trabalhava há nove anos
numa fábrica de automóveis que estava a reduzir a produção e despedia nesse
momento muita gente. Por esse motivo, o pai ia voltar a viver com os filhos em
casa dos seus próprios pais enquanto procurava novo trabalho.
Assim que viram o pai entrar em casa, Lucas e Sofia correram a
abraçá-lo. A Sofia foi a primeira a falar:
- Como é que correu a viagem?
- Sofia, a viagem pareceu-me muito rápida porque vinha a pensar em vocês
e no que vamos fazer para o Natal.
Nesse momento o Lucas interveio:
- Pai, a mãe vai vir passar o Natal connosco?
- Sim, já conversei com ela e combinei tudo. A mãe vem no dia 23 e fica
aqui connosco até dia 26.
- Eu adoro-te, pai! Boa ideia! Sofia, anda, vamos preparar uma surpresa
para a mãe. Temos de arrumar os quartos, preparar o pinheiro, decorar a casa
inteira e fazer os nossos presentes.
O dia 23 chegou depressa...
A mãe chegou de tarde, pelas quatro horas, mesmo a tempo de lanchar.
Lucas e Sofia tinham feito rabanadas com a avó e preparado chocolate quentinho.
A mãe adorou. Enquanto isso o pai estava na sala a ler o jornal e a procurar
emprego na página dos classificados. Um pequeno texto chamou a sua atenção:
Pastelaria procura pasteleiro para
trabalhar na véspera de Natal das 5h30 às 16h. 60€. Telef. 239-904907
|
O pai levantou-se do sofá e pegou no
telefone. A chamada durou dois minutos e logo a seguir o pai apareceu na
cozinha:
- Encontrei emprego para amanhã!
- Mas, pai, amanhã é véspera de Natal! – reclamaram os gémeos em coro.
- Pode ser véspera de Natal, mas assim eu posso...
- Tu podes quê?
- Posso comprar comida...
Ao ouvir isto, a avó interveio:
- Mas nós já temos comida, não precisas de ir comprar.
- Mudemos de assunto: quem quer ir passear pela beira do rio Mondego?
E
assim terminou o dia da chegada da mãe, em beleza, com aquele passeio junto ao
rio.
O despertador tocou às quatro da manhã e o pai chegou a horas à
pastelaria. Durante onze horas trabalhou duro para ganhar 60€: fez filhoses,
sonhos, rabanadas, troncos de Natal, arroz doce, bolo rei, azevias... Saiu às
quatro e meia. E às cinco já andava no centro comercial onde rapidamente gastou
o que tinha ganho. As lojas estavam cheias de gente, mas as pessoas compravam
pouco, sentia-se alguma tristeza naquele ano, as pessoas não tinham dinheiro
para gastar. Mas ele estava feliz porque tinha conseguido aquele emprego na
pastelaria e assim pudera comprar as prendas de Natal. Mesmo se as prendas não
eram o mais importante, estava contente porque os sapatinhos não iam ficar
vazios. Sabia bem que mais importante do que tudo era poder passar a noite da
consoada com os filhos e os pais. Os miúdos estavam felizes porque a mãe também
podia estar com eles, e isso é que contava.
Quando o pai chegou a casa, o jantar já estava pronto: chegou-lhe um
cheiro agradável a massa com salsichas:
- Cheira bem! Quero já jantar. Quem é que esteve na cozinha?
- A mãe pôs a mesa, nós preparámos a comida e o avô instalou o presépio.
– esclareceu o Lucas.
O jantar correu bem, apesar da simplicidade da refeição. O pai e o avô
contaram muitas histórias, todos riram e saíram da mesa com a alegria no
coração. Foram todos à Missa do Galo porque a avó insistiu e ninguém a quis
contrariar. Era já uma da manhã quando regressaram a casa. Os gémeos não
colocaram o sapatinho junto do presépio, pois já sabiam que não havia dinheiro
para prendas, deram um beijinho de boa noite aos pais e aos avós e deitaram-se.
No dia seguinte descobriram todos com surpresa, junto ao pinheiro, uma
corda de saltar, uns brincos, uma caixa de legos, uma camisa, lã e agulhas de
tricô. Os 60 euros do pai tinham sido bem esticados!
Afinal era possível ter
um Natal feliz em épocas difíceis e sem muito dinheiro!
A
equipa
e ilustraram-na:
Um comentário:
lindo trabalho! Parabens!
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