quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Projeto «Consigo, Ler!» e «A Lenda do Negrinho do Pastoreio» (2)

Uma semana depois da vinda de uma mãe à nossa sala de aula, voltámos à lenda brasileira e aproveitámos esta leitura recreativa para realizar várias atividades:
 
a) alargar o nosso vocabulário;
 
b) falar sobre um assunto muito triste que está associado a esta lenda: a escravatura do povo negro no Brasil;
 
c) identificar a lição de moral da lenda e usá-la no nosso diálogo criativo;
 
d) dar largas à nossa imaginação imaginando a conversa que o Negrinho do Pastoreio teria tido com a Nossa Senhora antes que esta fizesse o milagre que levou ao arrependimento do estancieiro mau que deixou o nosso negrinho em carne viva.
 
Aqui fica o resultado do nosso trabalho realizado na sala de aula:
 
Vocabulário:
Cavalo baio = cavalo amarelado, castanho claro
Estancieiro = é o dono da estância
Estância = fazenda, quinta
Frio de rachar = muito frio
Pastorear = pastar, comer erva
Peões = empregados do estancieiro; amansador de animais; pessoa que anda a pé
 
Potros = cavalo muito jovem
Tropilha = conjunto/manada de cavalos
***
Lição de moral da lenda:
 
 não se deve bater nem maltratar uma pessoa
por causa da cor da pele.
 
***
 
DIÁLOGO CRIATIVO
BASEADO NA LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO
 
 
Depois de ter apanhado a surra, o Negrinho ficou amarrado nu, sobre um formigueiro. Foi nessa altura que a Nossa Senhora lhe apareceu e pôde conversar com ele.
Nª Senhora: O que é que te aconteceu?
Negrinho: Foi o meu patrão que me bateu com um chicote.
Nª Senhora: Porquê?
Negrinho: Ele pensa que eu perdi o cavalo baio.
Nª Senhora: O que é um cavalo baio?
Negrinho: Um cavalo baio é um cavalo de pelo amarelado ou acastanhado, é muito bonito e o meu patrão gosta muito dele.
Nª Senhora: O estancieiro bateu-te só porque te desapareceu um cavalo baio da tropilha?
Negrinho: Sim, porque o meu patrão é muito mau.
Nª Senhora: Se calhar o teu patrão é racista, não gosta de negros.
Negrinho: Mas o que é que eu hei de fazer?
Nª Senhora: Quando ele vier aqui junto do formigueiro onde te amarrou vamos dar-lhe uma lição.
Negrinho: Mas, ó Nossa Senhora, eu tenho o corpo todo com sangue e não tenho forças para lhe dar uma lição. Além disso, estas formigas estão a gostar do meu sangue, incomodam-me e picam-me.
Nª Senhora: Vou fazer um milagre para você parar de sangrar.
Num abrir e fechar de olhos, o Negrinho do Pastoreio ficou com a pele toda lisa.
Negrinho: O…o… obrigado!!!!!! Nossa Senhora, tu fizeste um milagre. Estou curado. Vou já buscar todos os cavalos do meu patrão para cuidar bem deles e o meu patrão assim já não se zanga comigo.
No dia seguinte, quando ele [o estancieiro] foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
 
 
 

Nenhum comentário: