Uma semana depois da vinda de uma mãe à nossa sala de aula, voltámos à lenda brasileira e aproveitámos esta leitura recreativa para realizar várias atividades:
a) alargar o nosso vocabulário;
b) falar sobre um assunto muito triste que está associado a esta lenda: a escravatura do povo negro no Brasil;
c) identificar a lição de moral da lenda e usá-la no nosso diálogo criativo;
d) dar largas à nossa imaginação imaginando a conversa que o Negrinho do Pastoreio teria tido com a Nossa Senhora antes que esta fizesse o milagre que levou ao arrependimento do estancieiro mau que deixou o nosso negrinho em carne viva.
Aqui fica o resultado do nosso trabalho realizado na sala de aula:
Vocabulário:
Cavalo baio = cavalo
amarelado, castanho claro
Estancieiro = é o dono
da estância
Estância = fazenda,
quinta
Frio de rachar = muito
frio
Pastorear = pastar,
comer erva
Peões = empregados do
estancieiro; amansador de animais; pessoa que anda a pé
Potros = cavalo muito
jovem
Tropilha = conjunto/manada de
cavalos
***
Lição de moral da lenda:
não se deve bater nem maltratar uma pessoa
por causa da cor da pele.
***
DIÁLOGO CRIATIVO
BASEADO NA LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO
Depois de ter
apanhado a surra, o Negrinho ficou amarrado nu, sobre um formigueiro. Foi nessa
altura que a Nossa Senhora lhe apareceu e pôde conversar com ele.
Nª Senhora: O
que é que te aconteceu?
Negrinho: Foi o
meu patrão que me bateu com um chicote.
Nª Senhora:
Porquê?
Negrinho: Ele
pensa que eu perdi o cavalo baio.
Nª Senhora: O
que é um cavalo baio?
Negrinho: Um
cavalo baio é um cavalo de pelo amarelado ou acastanhado, é muito bonito e o
meu patrão gosta muito dele.
Nª Senhora: O
estancieiro bateu-te só porque te desapareceu um cavalo baio da tropilha?
Negrinho: Sim,
porque o meu patrão é muito mau.
Nª Senhora: Se
calhar o teu patrão é racista, não gosta de negros.
Negrinho: Mas o
que é que eu hei de fazer?
Nª Senhora:
Quando ele vier aqui junto do formigueiro onde te amarrou vamos dar-lhe uma
lição.
Negrinho: Mas, ó
Nossa Senhora, eu tenho o corpo todo com sangue e não tenho forças para lhe dar
uma lição. Além disso, estas formigas estão a gostar do meu sangue,
incomodam-me e picam-me.
Nª Senhora: Vou
fazer um milagre para você parar de sangrar.
Num abrir e
fechar de olhos, o Negrinho do Pastoreio ficou com a pele toda lisa.
Negrinho: O…o…
obrigado!!!!!! Nossa Senhora, tu fizeste um milagre. Estou curado. Vou já
buscar todos os cavalos do meu patrão para cuidar bem deles e o meu patrão
assim já não se zanga comigo.
No dia seguinte, quando ele [o estancieiro] foi ver o estado de sua vítima, tomou um
susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das
chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os
outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho
nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu
conduzindo a tropilha.
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