Na aula desta manhã, os alunos redigiram criativamente uma história procurando unir as três intervenções a que assistiram este ano letivo. Três mães vieram à nossa sala de aula e contaram uma história (cf. postagens deste blogue publicadas nos dias 4-12-2014, 19-3-2014 e 28-5-2014) ). Os alunos foram hoje desafiados a escrever uma história que reunisse as três intervenções. É esse trabalho que a seguir se apresenta devidamente ilustrado pelos alunos (as ilustrações bem como o texto são uma oferta dos alunos às três mães que vieram ao nosso encontro, Adriana Candusso, Tatiana Jensen Alves e Erica Matsumoto):
O Negrinho do Pastoreio e Momotaro:
um encontro
Os alunos do 3º e 4º anos da escola
Normandie-Niemen estavam a brincar no recreio da aula de português, quando
viram o Negrinho do Pastoreio e Momotaro sentados num banco a conversar.
Eis a conversa que todos escutaram.
Momotaro: Olá, eu sou o
Momotaro e nasci num momo. E você?
Negrinho do
Pastoreio:
Olá, eu sou o Negrinho do Pastoreio. Nasci em África, naveguei no navio “Nação
Crioula” até ao Brasil onde era escravo dos brancos. Mas afinal o que é um
momo?
Momotaro: Um momo é um
pêssego muito grande, sumarento, muito doce. Dá para cinco pessoas o comerem. É
uma fruta típica do Japão.
Negrinho do
Pastoreio:
Como é que tu foste parar dentro desse pêssego enorme?
Momotaro: Foi Deus que
me pôs dentro do pêssego porque havia um casal de velhinhos que vivia triste e
sozinho, sem filhos. Deus quis ajudá-los e a velhinha encontrou-me quando
estava a lavar a roupa suja no rio. Com eles eu vivi feliz. Tratavam-me muito
bem, como um filho!
Negrinho do Pastoreio: Tiveste sorte.
Eu não tive a sorte que tu tiveste. Eu era pastor e tomava conta de cavalos.
Uma vez eu perdi um cavalo e o meu patrão bateu-me muito e eu fiquei cheio de
sangue.
Momotaro: Isso é
horrível! Não tiveste sorte nenhuma! Deus não te ajudou… E os direitos das
crianças não são respeitados no Brasil? A Ruth Rocha ensinou-nos no seu poema
«Toda a criança do mundo / Deve ser bem protegida»…
Negrinho do
Pastoreio:
No Brasil, há pessoas que respeitam os Direitos das crianças, o meu patrão é
que era mau. Mas ficas a saber que se Deus não me ajudou, a Nossa Senhora
ajudou-me.
Momotaro: Como é que ela
te ajudou?
Negrinho do Pastoreio: Durante a
noite, enquanto eu estava atado a um pau, Ela veio e curou-me.
Momotaro: E o teu patrão
não fez nada?
Negrinho do Pastoreio: O meu patrão
pediu-me desculpa, ele arrependeu-se.
Momotaro: E você
desculpou?
Negrinho do Pastoreio: Sim,
desculpei! Nós devemos ser capazes de perdoar.
Professora Isabel (batendo as palmas e gritando): Vamos
entrar! Acabou o recreio!
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