quarta-feira, 18 de junho de 2014

«Consigo, Ler!»: conclusão do projeto 2013-2014

Na aula desta manhã, os alunos redigiram criativamente uma história procurando unir as três intervenções a que assistiram este ano letivo. Três mães vieram à nossa sala de aula e contaram uma história (cf. postagens deste blogue publicadas nos dias 4-12-2014, 19-3-2014 e 28-5-2014) ). Os alunos foram hoje desafiados a escrever uma história que reunisse as três intervenções. É esse trabalho que a seguir se apresenta devidamente ilustrado pelos alunos (as ilustrações bem como o texto são uma oferta dos alunos às três mães que vieram ao nosso encontro, Adriana Candusso, Tatiana Jensen Alves e Erica Matsumoto):


O Negrinho do Pastoreio e Momotaro: um encontro
    Os alunos do 3º e 4º anos da escola Normandie-Niemen estavam a brincar no recreio da aula de português, quando viram o Negrinho do Pastoreio e Momotaro sentados num banco a conversar. Eis a conversa que todos escutaram.
 
Momotaro: Olá, eu sou o Momotaro e nasci num momo. E você?

Negrinho do Pastoreio: Olá, eu sou o Negrinho do Pastoreio. Nasci em África, naveguei no navio “Nação Crioula” até ao Brasil onde era escravo dos brancos. Mas afinal o que é um momo?

Momotaro: Um momo é um pêssego muito grande, sumarento, muito doce. Dá para cinco pessoas o comerem. É uma fruta típica do Japão.

Negrinho do Pastoreio: Como é que tu foste parar dentro desse pêssego enorme?

Momotaro: Foi Deus que me pôs dentro do pêssego porque havia um casal de velhinhos que vivia triste e sozinho, sem filhos. Deus quis ajudá-los e a velhinha encontrou-me quando estava a lavar a roupa suja no rio. Com eles eu vivi feliz. Tratavam-me muito bem, como um filho!

Negrinho do Pastoreio: Tiveste sorte. Eu não tive a sorte que tu tiveste. Eu era pastor e tomava conta de cavalos. Uma vez eu perdi um cavalo e o meu patrão bateu-me muito e eu fiquei cheio de sangue.

Momotaro: Isso é horrível! Não tiveste sorte nenhuma! Deus não te ajudou… E os direitos das crianças não são respeitados no Brasil? A Ruth Rocha ensinou-nos no seu poema «Toda a criança do mundo / Deve ser bem protegida»…

Negrinho do Pastoreio: No Brasil, há pessoas que respeitam os Direitos das crianças, o meu patrão é que era mau. Mas ficas a saber que se Deus não me ajudou, a Nossa Senhora ajudou-me.

Momotaro: Como é que ela te ajudou?

Negrinho do Pastoreio: Durante a noite, enquanto eu estava atado a um pau, Ela veio e curou-me.
 
Momotaro: E o teu patrão não fez nada?

Negrinho do Pastoreio: O meu patrão pediu-me desculpa, ele arrependeu-se.

Momotaro: E você desculpou?

Negrinho do Pastoreio: Sim, desculpei! Nós devemos ser capazes de perdoar.

Professora Isabel (batendo as palmas e gritando): Vamos entrar! Acabou o recreio!

 

Nenhum comentário: